Advogado diz que defesa de militares acusados do assassinato de Géssica quer criminalizar a vítima
“Eles querem apenas tumultuar o processo”, disse, nesta terça-feira (18), em Brasília, o advogado Walisson dos Reis Pereira, referindo-se aos policiais militares Cleonizio Marques Vilas Boas e Gleyson Costa de Souza, acusados pelo assassinato, em dezembro de 2023, da enfermeira Géssica Melo de Oliveira, assassinada aos 32 anos de idade, durante uma abordagem policial na BR-317, entre os municípios de Capixaba e Senador Guiomard.
Géssica Melo de Oliveira/Foto: Reprodução
Além de pedirem a reconstituição da ocorrência que resultou na morte da vítima, os advogados de defesa dos militares acusados pediram a apreensão das armas de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de pedirem o prontuário médico e da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) de Géssica e ficha criminal. O juiz Romário Divino Farias, de Senador Guiomard, em cuja comarca o caso é tratado, negou todos os pedidos ao acatar pedido da defesa de que solicitações feririam a dignidade da vítima.
De acordo com o advogado Walisson dos Reis Pereira, ao reapresentarem pedidos já anteriormente indeferidos pela Justiça, os advogados dos acusados querem apenas tumultuar o processo porque sabem, segundo ele, “que está chegando a hora da verdade”. A hora da verdade seria o julgamento dos acusados pelo Tribunal do Júri Popular, ainda a ser marcado este ano. “É que, em abril, dar-se-á a audiência de instrução e julgamento para saber se os acusados serão ou não pronunciados a irem a Júri Popular. Como dificilmente eles escaparão disso, vêm tentando tumultuar o processo”, afirmou o advogado.
Além disso, de acordo com o advogado, os acusados, através da defesa, querem criminalizar a vítima. Além de terem pedido a reconstituição da ocorrência que causou a morte e o prontuário da CNH, eles pediram também informações sobre inquéritos policiais que Géssica constasse como autora ou acusada. “A enfermeira Géssica nunca recebeu uma ação penal. Ela é vítima e eles querem apontá-la como uma espécie de causadora da ocorrência que causou sua morte”, disse.
“O que os acusados quiseram, com tais pedidos, é criminalizar a vítima e responsabilizar policiais rodoviários federais, que estavam na ocorrência, mas está provado que eles não efetuaram nenhum disparo. Por isso, o juiz atendeu nosso pedido e negou todos os requerimentos atuais”, disse Walisson.
O julgamento dos acusados, em júri popular, vai ocorrer após esta primeira audiência de instrução. “Creio que eles devem ir a júri no máximo no segundo semestre deste ano”, disse o advogado.
Fonte: contilnetnoticias