Prefeito expulso do PT poderá ir para o PP e não descarta aliança com antiga sigla
Expulso há exatos seis meses do Partido dos Trabalhadores do Acre (PT-AC) por infidelidade partidária, o prefeito de Assis Brasil, Jerry Correia, continua sem uma sigla e avisa que aguarda pacientemente as orientações do governador Gladson Cameli (PP) para indicar uma nova casa, se possível de cor azul, para se instalar.
Durante entrevista exclusiva ao O Palaciano, Jerry Correia frisou o apreço pela agremiação vermelha, mesmo não sendo mais bem-vindo ao grupo dos “companheiros” da regional. E pasme! Ele exprimiu um desejo inusitado: quer novamente o PT no seu palanque nas eleições de 2024 quando tentará a reeleição.
Correia falou ainda sobre os desafios que a prefeitura vem enfrentando em relação ao desenfreado problema da imigração. Assis Brasil, segundo ele, tem feito a sua parte para amenizar o sofrimento dos estrangeiros, porém, o Governo Federal precisa dar mais atenção para quem entra nas Terras Brasilis via tríplice fronteira (Brasil, Bolívia e Peru).
Fotos: Arquivo Pessoal / Reprodução Redes Sociais
Antes de ler a entrevista completa, é importante saber que Jerry Correia Marinho tem 39 anos, é considerado um dos executivos-mirins mais novos do Acre. Possui ensino superior completo, sendo professor de carreira do ensino médio. Foi eleito com 1.583 votos, onde desbancou outros quatro candidatos. Na gestão, vem ganhando destaque pela ousada iniciativa estruturante da cidade, comprovando boa aceitação dos munícipes através de pesquisas. Leia o bate papo a seguir:
O Palaciano – O senhor foi vítima da “guilhotina vermelha” por apoiar o Governador Gladson Cameli em 2022. A punição, de certo, foi a expulsão por infidelidade ao PT. O senhor já planeja seguir algum partido?
Por enquanto estou sem um novo partido, mas já recebi alguns convites. Até o momento estou viabilizando seguir com o PP, o partido do Governador Gladson Cameli.
O Palaciano – Naturalmente além do PP, quem mais está lhe paquerando?
Eu tenho dito à imprensa de que estou à disposição do governador. Fui expulso do PT por ter dado apoio ao Gladson. Até o momento, o PP é o principal partido que tem apoiado aqui na nossa gestão, então se houver um interesse do governo até mesmo de indicar outro partido do bloco, a gente tem conversado com o PDT, o próprio PSD do Petecão e o MDB, mais as coisas estão bem encaminhadas pra gente ficar no Progressista.
O Palaciano – Tem data para esse noivado?
Ainda não, mas a minha única condição é filiar na presença do governador. Talvez no início de julho a gente comece a sentar para reunir e definir todos os detalhes. Enquanto isso, a gente tem sentado para definir e montar um bloco. Nos relacionamos bem com vários partidos e queremos montar um grupo, com chapas de vereadores, para tentar a reeleição.
O Palaciano – E o PT, houve alguma tentativa de reaproximação após o episódio de expulsão do senhor, da prefeita Fernanda e do prefeito Isaac Lima?
O PT local continua na nossa gestão. O PT local foi contra a minha expulsão, foram companheiros que acreditaram na gente enquanto o PT regional não acreditou, quando as grandes figuras não acreditaram na gente. Eu respeito o PT regional! Quando expulsa alguém é porque não quer mais, né? E agora eu tenho conversado com as lideranças locais do PT e vamos analisar, verificar o comportamento nos próximos meses. A gente não pode falar de alguma coisa, de aliança do âmbito local, somente após o prefeito se filiar a um partido. Antes disso, não tem como negociar.
O Palaciano – E o lance de esquerda e direita não prejudica a sua imagem?
O Progressista é considerado um partido de direita. Já não entro neste debate entre direita e esquerda, sou muito focado na gestão. É lógico que tem muitas paixões ideológicas envolvidas, a gente respeita e espero que o PT continue comigo, pra lhe falar a verdade! Se isso não for possível vamos continuar respeitando a sigla. Agora quem tá na gestão, é claro, vai precisar decidir se vai caminhar com o prefeito ou não.
O Palaciano – E a gestão Jerry em Assis Brasil, qual tem sido o maior desafio?
Estamos na atividade todos os dias, com foco nesse início de verão. É uma estação que demanda muito trabalho. A gente tem olhado pro campo e principalmente para a cidade. Porém, o nosso principal desafio tem sido a questão da entrada dos venezuelanos por Assis Brasil. Isso nos preocupa!
O Palaciano – E o apoio do Governo Federal?
Temos mobilizado o governo federal sobre esse assunto. A gente, inclusive, temos uma expectativa de que nos próximos dias possamos receber representantes de dois ministérios para verificar in loco esse problema. Essa visita deve ocorrer já no próximo mês, em julho. Devem nos visitar os ministérios da Cidadania e da Segurança Pública. É um tema que pesa para o estado e principalmente para o município pois sabemos que isso deve ser uma pauta do governo federal.
O Palaciano – O que a Prefeitura de Assis Brasil tem feito até o momento para amenizar o sofrimento dessas pessoas?
A gente tem acolhido da nossa forma, cuidamos, temos uma casa de acolhida especialmente para eles. Nosso principal desejo, neste momento, é que o governo federal tenha maior participação nisso, uma participação efetiva. No nosso abrigo, por exemplo, tá sempre na capacidade máxima com 50. Hoje, segundo o último relatório que recebi, temos 40 imigrantes. A gente faz um trabalho junto com a polícia federal, para os primeiros trâmites e em seguida encaminhamos essas pessoas para os abrigos em Brasiléia ou para Rio Branco.
O Palaciano – Para finalizar, apesar dos percalços, Assis Brasil tem avançado muito. Deixe uma mensagem para os nossos eleitores e de antemão agradecemos a sua entrevista.
Apesar do desafio, a gente avançou! Temos conseguido resgatar a autoestima do nosso povo por melhorar em alguns aspectos da estrutura da zona urbana e rural, da infraestrutura da nossa região. A gente percebe a boa aceitação da população com o nosso trabalho, isso nos fortalece e gratifica. As últimas pesquisas mostram que estamos no caminho certo, estamos bem avaliados. No entanto, estamos nos aproximando de um pleito político e as coisas começam a se dividir. Temos respeito a todas as forças políticas, mas estamos bem posicionados para criar e manter um grande bloco para 2024. No mais, muito obrigado!
Fonte: OPalaciano