Conselheiro de Lula, Jorge Viana diz que candidatura de ex-presidente em 2022 mexe com o tabuleiro da política do Acre
FONTE: Thais Farias - Ac24Horas
O ex-senador Jorge Viana (PT-AC) é apontado como um dos conselheiros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua volta à cena política visando as eleições de 2022, após o petista recuperar os direitos políticos depois da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, em 8 de março. De acordo com reportagem do jornal O Globo publicada nesta segunda-feira, 29, o petista acreano é colocado como uma das pessoas que conversa constantemente com a estrela maior do PT nacional para tratar de temas nacionais e locais. As resenhas acontecem semanalmente, segundo o periódico.
Além de Viana, Lula mantém conversas diárias com os ex-ministros Aloizio Mercadante, Alexandre Padilha e Celso Amorim que o ajudam a se aprofundar nos temas do debate nacional, principalmente nas questões ligadas ao efeito da pandemia na saúde e na economia.
Ao ac24horas, Jorge, que já foi governador do Acre por dois mandatos (entre 1999 e 2006), confirmou que mantém conversas com o ex-presidente muito antes de ele ter recuperado seus direitos políticos perante a justiça. “Eu converso com o Lula muito antes da decisão do STF. Acho que não é nem questão de inocentar o Lula. O Ministro Fachin tirou o Lula de todos os processos dizendo que ele estava lá em Curitiba e não era para está na mão do então juiz Sérgio Moro. O Ministro Fachin sempre foi tido pela opinião pública como um garantista da Lava Jato, ou seja, alguém que sempre contou com a Lava Jato, e ele determinou que todos os processos do Lula fossem zerados e que se tivesse alguma coisa para investigar, que fosse investigado em Brasília, não em Curitiba porque lá estava errado. E junto com isso ainda tem a decisão da 2ª turma do Supremo Tribunal que o ex-ministro Moro foi parcial, ou seja, ele não agiu corretamente com o presidente Lula e tirou 500 dias da vida do presidente e isso está no processo”, explicou o petista.
Jorge enfatiza que a relação que tem com o Lula vem desde os anos 80. “É uma relação muito próxima. De fato temos conversado muito. Eu acho que ele merece nos seus 75 anos ser tratado de maneira com justiça. Toda ação de combate a corrupção tem que ter o apoio de todo mundo, mas o presidente Lula não foi tratado com justiça e quem tá dizendo isso é o Supremo, não sou eu. O STF agora diz que o juiz Moro não foi correto, foi parcial e juiz parcial é aquele que toma parte e agora também os membros do Ministério Público, o Dalagnol e sua trupe, que acusaram o Lula estão sendo acusados pelo STJ. Eles agora vão ter que se defender por conta de terem abusado do poder”, frisa o petista a destacar que a justiça reconhece que Lula não é o culpado, mas sim o juiz. “Foi um jogo de cartas marcadas”, disse.
“Nas conversas com o presidente Lula eu tenho tentado dizer que ele é uma das pessoas que pode pacificar esse país. O Bolsonaro está há três anos no governo e ele é sinônimo de problema. O Bolsonaro é a crise e acho que o Lula, que já foi presidente, que não fez perseguição, que ajudou todo mundo a prosperar, ele tem todas as condições de fazer a pacificação do país”, enfatizou JV ao afirmar que esteve com o ex-presidente na semana passada.
Viana ressalta que como agora Lula está reabilitado para as eleições, ele sempre tem conversado. “Ele sempre manteve um respeito por mim, independente de eu ter sido senador. Ele tem uma consideração grande pelo Tião Viana”.
Questionado se Lula é o seu candidato a presidente, Jorge ponderou e pediu um pouco de calma e serenidade, enfatizando que é necessário esperar o processo do STF tenha fim. “É óbvio que foi uma decisão, pra esse tipo de decisão foi algo que o Brasil inteiro ficou chocado, já que ele sempre decidiu junto com a lava jato . Eu tô falando o Ministro Fachin e ele numa canetada zerou os processos contra o presidente Lula e o reabilitou. Com a decisão da segunda turma, o presidente está reabilitado, mas o processo ainda vai ser apreciado no plenário do Supremo no dia 14 de abril. Eu não acredito num reviravolta porque do ponto de vista técnico houve uma unanimidade dos juristas do Brasil de que o Ministro Fachin fez o que era certo. Ele só cometeu um erro. Esse pedido, e às vezes as pessoas não estão informadas, foi feito há quase 5 anos pela defesa do presidente Lula, dizendo que ali não era o Foro para apreciar porque Curitiba não tinha conexão com Petrobras e nem com a Lava Jato. O único defeito dessa decisão é o prazo pois está sendo tomada muito tempo depois e isso gera um outro problema, quem é que vai devolver os 500 dias de liberdade do Lula perdeu e teve que pagar. Isso vai ser uma ação mais para frente”, enfatizou.
Viana acredita que a decisão do Supremo criou um ambiente político totalmente diferente. “Eu acho que o Brasil está diante de uma presidente, que é o Bolsonaro, que virou sinônimo de problema dentro e fora do Brasil. O caos que estamos vivendo é por conta da pandemia também, mas o Caos é por conta da condução que o presidente Bolsonaro deu. Então a miséria, a pobreza, emprego, a crise econômica, as mortes, tem que ser em partes debitadas na conta do Bolsonaro. Eu sempre falo que na hora da pior tempestade, o timoneiro é um desastre para nos conduzir, que é o Bolsonaro. E o Lula sempre é lembrado como uma pessoa que socorreu os pobres, fez políticas sociais, fez a mudança na educação e fez o Brasil crescer até 7,5% ao ano. O Lula era quase unanimidade e lamentavelmente nesse surto, ele virou vítima”, ressaltou.
“Não é que ele seja meu candidato, mas acredito que o Brasil precise de alguém do perfil dele para pacificar, de alguém que coloque as pessoas para conversar e fazer o país andar. Eu acho que o nosso Acre tem uma quantidade de eleitor que não é tão grande, que não decide uma eleição presidencial, mas o nosso Acre sempre precisou dos presidentes. Foi com a ajuda do Fernando Henrique e o Lula que eu consegui fazer muito trabalho, da mesma forma o Binho e o Tião. O Acre tem todos os senadores com ele, teve o maior percentual de votos, e três anos depois, o que que ele fez pelo Acre? A única vinda que ele veio por aqui ele espalhou covid-19, promovendo aglomeração, que inclusive é alvo de uma ação criminal do deputado federal Léo de Brito. Ele veio na eleição dizendo que ia mandar matar gente, ia metralhar, depois na outra ele veio aglomerar pessoas e as informações é que teve gente que adoeceu por Covid-19 por conta da aglomeração que ele fez em Sena Madureira”.
O ex-senador reforça que a eventual candidatura de Lula à presidência mexe com as estruturas políticas de todos os Estados e no Acre não seria diferente, porém o petista pede ponderação. “Vamos ter calma. O fato do Lula ser candidato, mexe com tudo, mas isso não quer dizer que o PT não possa apoiar alguém que não tenha ligações com o Bolsonaro no Acre em 2022. Eu posso ser candidato a governador, como posso ser candidato ao senado, mas a meta é montar chapas competitivas para deputado estadual e federal para ai sim conversamos sobre candidaturas majoritárias no Acre. Queremos nos aliar com pessoas que não tenham ligações com o Bolsonaro, esse é o foco principal. Vamos conversar com muita humildade”, disse Viana, que não existem conversas de eventual aliança com o senador Sérgio Petecão (PSD), cotado para ser candidato ao governo em 2022 contra o atual chefe do Palácio Rio Branco, Gladson Cameli.