Irmã de carcerário transferido para Quinari denuncia maus tratos e péssimas instalações
A jovem procurou o jornal O Rio Branco para relatar a denúncia que partiu do próprio irmão
A autônoma Maiara Leite da Silva, 20
anos, resolveu denunciar as condições em que os presidiários
transferidos de Rio Branco para Senador Guiomard estão vivendo no
município. Ela é irmã de um dos reeducandos e há dois meses vive
angustiada devido à situação em que se encontra o familiar detido.
Na tarde dessa quinta-feira, 26, a jovem
procurou o jornal O Rio Branco para relatar a denúncia que partiu do
próprio irmão, durante as visitas que fez ao presídio vizinho. Segundo
Maiara, o familiar estava recolhido do Pavilhão G do Presídio Estadual
do Acre Francisco de Oliveira Conde, e sem nenhum aviso prévio, foi
transferido do local para outra cidade, bem como os companheiros de
cela.
“Os agentes chegaram de repente avisando
que eles iriam ser transferidos e nem ligaram para gente que somos
familiares. Ficamos sabendo dessa mudança somente porque fomos visitar
eles aqui em Rio Branco e eles não estavam mais no presídio da capital”,
relata.
Os familiares do detento decidiram tomar
satisfação sobre a transferência na sede do Instituto de Administração
Penitenciária do Acre (Iapen), e de acordo com Maiara, eles foram
informados de que no presídio de Senador Guiomard os presos seriam mais
bem acolhidos.
“O que acontece é que quando fomos lá no
outro município visitá-los no novo presídio, percebemos que não é nada
daquilo que os agentes e o Iapen nos disseram. Assim que cheguei na
visita, meu irmão falou que apanhou no primeiro dia que chegou lá. A
situação é realmente precária”, garante.
Maiara detalha que no local não há
higienização e de forma desumana os presos são obrigados a fazer suas
necessidades fisiológicas, além da falta de energia no local. “Lá está
terrível, no primeiro dia que meu irmão chegou lá, ele me disse que um
presidiário pediu remédio e quando foi meia noite do mesmo dia os
agentes penitenciários espancaram o preso. Quando fui visitar meu irmão
há poucos dias, o rapaz ainda estava todo marcado de agressão”, afirma.
Segundo as informações do irmão, os
agentes agrediram a vítima dizendo em alto e bom som que quem mandava no
pedaço eram eles. “Peço pelo amor de deus que alguém nos ajude. Não é
fácil ter que suportar um irmão viver dessa maneira tão desumana. Não
sou só eu que estou passando por isso, mas muitas outras famílias. Nós
procuramos o diretor do presídio de Senador Guiomard, mas não tivemos
respostas para um possível atendimento”, diz Maiara da Silva.
Diretor do Iapen rebate denúncias
O diretor presidente do Instituto de
Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), Dirceu Augusto, foi
procurado pela reportagem do jornal O Rio Branco, e em contrapartida às
denúncias e reclamações procedentes de alguns familiares dos
presidiários, ele ressalta que nenhuma delas procede com a realidade
encontrada no presídio de Senador Guiomard.
Augusto discorda das denúncias de maus
tratos e tratamento inadequado dentro da unidade prisional. “Em relação à
alimentação, por exemplo, eu discordo das denúncias da falta dela ou da
falta de higienização para os presos. Juízes presenciaram o tratamento
oferecido aos mesmos e sabem o que acontece por lá”, comenta.
Para ele, o que está ocorrendo somente é
que os presos e os próprios familiares dos reeducandos estão
estranhando o novo local, devido a distancia e as novas instalações. “No
presídio do município as visitas ocorrem normalmente, tanto nas celas
quanto fora delas, inclusive é mantido a visita íntima”, garante Dirceu.
Em relação à falta de energia elétrica
citada pela irmã de um dos detentos, o Diretor garante que lá não falta,
o que acontece em algumas celas é o fato de o local ainda estar sendo
preparado para receber os reeducandos, passando por restrições e
reformas para garantir maior comodidade no local.”Tem uma empresa que
está cuidando pdas instalações dos ventiladores. Os presos não podem
simplesmente receber os objetos, a unidade que se prepara para melhor
instalar os objetos na cela”, diz.
Dirceu relata que as celas abrigam dois
ou quatro presidiários em cada uma delas. A queixa dos familiares é
recorrente, segundo ele, mas é uma questão de administração. “Enquanto
algumas reclamam, outras famílias estão agradecendo o novo tratamento no
presídio vizinho, pelo ambiente e forma como os detentos estão sendo
retidos, num local novo”, finaliza.
O Rio Branco